quarta-feira, 2 de julho de 2014

O Palacete do Boqueirão Pequeno.

            Os mais antigos ainda guardam na memória enquanto os mais novos nem devem ter ideia, mas São Gonçalo já teve um belo Palacete que se localizava no bairro da Estrela do Norte. Construído entre os anos de 1916 e 17 foi concebido pelo proprietário de terras e fazendeiro Floriano Rocha Lima e financiado por Ernesto primo, que era proprietário de uma indústria de calçados.
            O palacete foi construído onde era conhecido como Boqueirão Pequeno, atual bairro da Estrela do Norte. Fora construído o que havia de melhor, sendo que grande parte dos materiais vinham da Europa. Vitrais franceses, mármores italianos e técnicos de construção alemães. Oito quartos sociais e três de empregados, três salas para receber as visitas, banheiros revestidos de porcelana e com torneiras e chuveiros que destacavam o dourado. Tudo simbolizava a riqueza daqueles homens.
            Tanta beleza não passava desapercebida, apoiada pela riqueza da geografia da região eram um prato cheio para a visita de nomes importantes. O palacete recebeu a visita de pessoas importantes como Di Cavalcanti, Villa Lobos, Oswald de Andrade, Maria de Andrade e Tarsila do Amaral. Mas as coisas mudariam em breve...

Palacete do Mimi - Pintura de Paulo Nunes.

            O Palacete viria a ser conhecido como Palacete do Mimi em uma mudança de propriedade. Seu último proprietário foi Emir Porto, conhecido como Mimi e que fora empresário em Niterói e São Gonçalo. Comprou o palacete em 1951 e foi nesse momento que o Palacete foi aberto ao grande público. Ali ocorriam eventos populares como frequentemente se organizavam partidas de futebol pela Sociedade Fluminense de Futebol. O Palacete, por sua própria estrutura era um imóvel caro de ser gerido. Muitos quartos, muitos banheiros, geravam grandes gastos. A solução encontrada pelo Sr. Mimi foi a criação de um Cassino clandestino.


Fotos acervo: Memor.
            Com a proibição dos jogos de azar e cassinos pelo então Presidente Dutra, cuidar do Palacete se torna algo fora da realidade. Com o incidente do Gran Circo Americano em 61, parte do seu terreno foi adquirido para a construção do Cemitério São Miguel, fazendo com que o proprietário desista de morar ali. Restava então pouco para o Palacete que, acabaria por refletir fisicamente seu abandono, se tornando gradativamente uma ruína, apagando por completo a história de seus áureos tempos.

Emir Porto, conhecido Seu Mimi. Acervo de Haroldo Júnior.
            No final de 1999 o Palacete já era apenas uma ruína em péssimo estado de conservação e, não demorou para vir ao chão, colocando um ponto final na história, na memória e na passagem do Palacete por São Gonçalo. Hoje a única coisa que existe são as memórias do velho palacete. Nem mesmo os escombros existem mais e os registros históricos são raros, fotografias são poucas. Infelizmente, parece que São Gonçalo gosta de esquecer de sua própria história, uma grande perda.



Acervo: Marcus Vinicius M. Varella.
Para conhecer mais acesse: 

http://www.tafulhar.com.br/2013/05/imagens-ineditas-do-palacete-do-mimi.html

11 comentários:

  1. Eu conheci esse Palacete pois nasci na Boqueirao Pequeno e sei vagamente da historia e morava por tráz da fazenda, é uma pena não terem deixado para ponto historico😢para os joveens de hoje.

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  2. Eu conheci esse Palacete pois nasci na Boqueirao Pequeno e sei vagamente da historia e morava por tráz da fazenda, é uma pena não terem deixado para ponto historico😢para os joveens de hoje.

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    1. Dona Lucinda, a senhora tem algum telefone para eu poder entrar em contato com a senhora? Gostaria de conversar sobre o Palacete.

      Grande abraço!

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  3. Eu sou de 1979 e estudei meu primeiro grau todo na escola municipal Presidente Castello Branco e passava na frente do cemitério de São Miguel e, ao fundo, eu via esse palacete, que me despertava muita curiosidade mas não tinha coragem de subir até lá pois, naquela época já se falava que aquele casarão (como era chamado) era ponto de encontro de marginais e usuários de drogas.
    Lamentavelmente,não existia internet nem acesso à história daquele imóvel mas já sabia que era de uma época de ouro!
    Tem uns 8 anos que eu me interessei em pesquisar sobre a história daquele local e fiquei fascinado. Descobri que aquele foi palco de muitas coisas importantes que aconteceram na cidade e que deveria ser preservada como parte de sua história mas que a ignorância apagou com o tempo, infelizmente...
    De qualquer forma, parabéns por essa sua obra de recuperação desse pequeno fragmento de memória!

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    1. Eu sou de São Gonçalo e fico muito triste em saber que tanta história se perdeu, infelizmente os governantes de São Gonçalo só pensam em encher os bolsos de dinheiro e assistir nossa cidade se deteriorar e perder todo o seus patrimônios a cada dia.

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  4. Eu sou de 1979 e estudei meu primeiro grau todo na escola municipal Presidente Castello Branco e passava na frente do cemitério de São Miguel e, ao fundo, eu via esse palacete, que me despertava muita curiosidade mas não tinha coragem de subir até lá pois, naquela época já se falava que aquele casarão (como era chamado) era ponto de encontro de marginais e usuários de drogas.
    Lamentavelmente,não existia internet nem acesso à história daquele imóvel mas já sabia que era de uma época de ouro!
    Tem uns 8 anos que eu me interessei em pesquisar sobre a história daquele local e fiquei fascinado. Descobri que aquele foi palco de muitas coisas importantes que aconteceram na cidade e que deveria ser preservada como parte de sua história mas que a ignorância apagou com o tempo, infelizmente...
    De qualquer forma, parabéns por essa sua obra de recuperação desse pequeno fragmento de memória!

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  5. Nunca soube dele, só agora a pouco tempo na internet.

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  6. Aqui não fala dos médicos da Casa de Saúde Nossa Senhora de Fátima que compraram o palacete, eu era criança na época, quando fui morar lá.

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    1. Vc tem fotos de dentro da residência? Fiquei curiosa como era dentro do imóvel

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  7. Quando eu conheci, só restavam as ruínas.

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  8. Lembro que adolescente muitos iam para lá beber vinho barato e fumar, eu fui anos depois, ainda adolescente para dar uns amassos na que meses depois seria mãe do meu filho. hehehe. Pena o brasileiro e os políticos não valorizarem a história. Hoje vivo na Espanha, sempre que posso faço longas caminhadas, vou a castelos, capelas, etc, muita coisa aqui também em ruína, mas ainda assim mais conservado e vcalorizado.

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