sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Maravilha abandonada.

Com fundação datada em antes de 1620, ou seja, pelo menos 393 anos de história, a Fazenda Colubandê já foi considerada uma das maravilhas de São Gonçalo. É considerada como um marco da arquitetura rural brasileira, um dos poucos exemplares existentes e a única que existe tão próxima da área urbana.São 38 cômodos e subsolo. Isso tudo sem considerar a história da própria, com destaque para a grande produção de açúcar da mesma, a existência de cristãos-novos, a passagem da Inquisição que fez com que a Fazenda Colubandê mudasse de mãos uma grande quantidade de vezes até vir a ser tombada pelo IPHAN em 1939.

Maquete da Fazenda Colubandê, UnB.

Entretanto, apesar de toda sua relevância e história, hoje a Fazenda Colubandê, que de tão importante, deu nome ao próprio bairro, sofre com o descaso. Em uma breve busca pela internet, encontramos diferentes mídias denunciando o abandono total deste que vem a ser um símbolo da resistência da história gonçalense. O Jornal do Brasil, em matéria nos anos 80 já denunciava o descaso. Em matéria de 4/10/2012, o jornal “O São Gonçalo” diz o seguinte:

A cada dia que passa, os sinais de abandono se tornam mais visíveis. Há, aproximadamente, três meses, a Fazenda Colubandê, em São Gonçalo, está fechada desde a desativação do Batalhão de Polícia Florestal e Meio Ambiente (BPFMA), que teve seu efetivo policial transferido para o Complexo do Alemão, em Bonsucesso, no Rio. Construção histórica do Século XVII, o prédio está cercado de mato e sua iluminação está precária.[1]

O jornal online “Território Gonçalense” também denunciam o abandono:

No domingo passado (18/11), caminhando pelo bairro do Colubandê, fiquei estarrecido com as imagens de abandono que presenciei da Fazenda Colubandê e da área dos fundos, onde está localizada a Vila Olímpica. [...]

Durante a  permanência da Polícia Florestal no local, pelo menos a área da fazenda recebeu cuidados especiais (ver vídeo no final da matéria), mas a Vila Olímpica, segundo frequentadores, ja estava sem ver uma boa manutenção há muito tempo.

Com a saída então do Batalhão, tanto a fazenda quanto a área esportiva agora encontra-se em estado lastimável de abandono.

Para evitar invasões e depredações no imóvel histórico, policiais do 7º BPM (São Gonçalo) têm feito a segurança no local, mas não tem qualquer responsabilidade com a manutenção da área.[2]


            Mas nem tudo são más notícias. Atualmente existe um movimento que busca modificar essa situação da fazenda símbolo de São Gonçalo. A ideia é torna-la um polo cultural com museu, biblioteca, parque, escola técnica e um sem número de possibilidades que podem ser criadas dentro dos seus mais de 120 mil metros quadrados. Esperamos que os governos municipal, estadual e federal intercedam da maneira apropriada. Muito mais do que uma fazenda antiga, ela é um dos últimos símbolos do período colonial, referência única, mundialmente conhecida e, como diria Lucio Costa em seu livro de memórias “Anotações ao de correr da lembrança”, o mais gracioso e puro exemplar.


Foto a esquerda, a Fazenda Colubandê na década de 30, século XX. Foto a direita, A Fazenda Colubandê na década de 70.

Foto da Fazenda Colubandê enquanto ainda estava sob administração do Batalhão Florestal.

Foto recente do Jornal Território Gonçalense, demonstrando o abandono da Fazenda Colubandê.




[1] http://www.jornalsg.com.br/site/geral/2012/10/6/45278/fazenda+coluband%C3%AA+abandonada
[2] http://www.territoriogoncalense.com/2012/11/imagens-desoladoras-do-abandono-da_23.html
Sobre o Autor:
Luciano Campos Tardock Luciano Campos Tardock é colaborador do Blog Tafulhar e coordenador do Memória de São Gonçalo. Formado em História pela Universidade Salgado de Oliveira, Especialista em História Moderna pela UFF e Mestre em História do Brasil também pela Universidade Salgado de Oliveira. Participou do Centenário do ex-prefeito Joaquim Lavoura e atualmente faz parte da Comissão da "Operação Fazenda Colubandê - Quem ama cuida".

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